quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
ARROZ DE SARRABULHO
Quando na RTP me pediram para escolher no livro de receitas da Popota, duas receitas portuguesas para executar na Praça da Alegria, ser-me-ia impossível passar pelo arroz de sarrabulho e não o escolher.
Tenho que ser franca e confessar que tudo o que diga respeito a Ponte de Lima (terra da minha avó materna) é para mim sempre o melhor do mundo. A vila mais bonita do mundo, as pessoas mais simpáticas e hospitaleiras e claro, a melhor comida. E desta última faz parte como é lógico, o arroz de sarrabulho.
Em Ponte de Lima, nos vários e bons restaurantes da vila, é servido com rojões, tripa enfarinhada, fígado de porco, sangue cozido cortado em fatias e frito, chouriça de sangue, belouras ( que são uns rolos feitos de uma mistura de farinhas e sangue de porco condimentadas que depois de levedadas são cozidas e por fim cortadas em fatias e fritas - uma delícia) e batatinhas alouradas.
Claro que Ponte de Lima não é apenas arroz de sarrabulho. É também o maravilhoso creme-queimado, a aletria e as rabanadas como só se fazem no Minho e muito mais. São os lanches na Havaneza e os passeios à beira-rio. No verão, os banhos no rio e no tanque e os piqueniques no Monte de Santa Maria Madalena com as primas. O maravilhoso vol-au-vent que a minha avó nos fazia para o almoço com a rapidez de quem frita um ovo. Mas tenho a impressão que isto é o que Ponte de Lima é para mim...
Realmente é um facto que para mim cozinhar é algo da maior importância na minha vida. Porque através da cozinha não nos limitamos a alimentar-nos. A cozinha da nossa família e da nossa casa é também sem dúvida a nossa herança. São as nossas recordações e todos os sentimentos de alegria e de tristeza que nos acompanham durante a nossa vida. São todos os Natais, Fins-de-ano, Páscoas, festas de anos e até aqueles dias anónimos em que nos faziam montes de torradas para o lanche, a meio da brincadeira. São sem dúvida as nossas melhores recordações. Que eu tento manter. Tento continuar por minha vez a poder proporcionar à minha família, aos meus amigos, à minha filha, experiências dentro das minhas possibilidades técnicas (como já disse várias vezes não sou uma chefe, sou apenas uma cozinheira), pois essas serão agora as nossas novas memórias. E que sejam boas! Mas uma grande verdade no meio disto tudo é que me divirto muito a cozinhar. Divirto-me mesmo muito...
Espero que experimentem esta receita do livro da Popota, pois é muito simples, muito boa e é uma oportunidade de sentirem um saborzinho a Ponte de Lima.
Bom apetite e bons cozinhados...com todos os que nos são queridos!
Cristina.
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